Recife

Entrevista com o empresário fundador da Rota do Mar





Alexandre Xavier - perspectivas da Economia de Pernambuco


O texto abaixo foi publicado em revistas de circulação nacional como matéria paga pelo Governo de Pernambuco, para análise das Perspectivas da Economica Pernambucana - 2016.

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Criada em 1996 por Arnaldo Xavier, a Rota do Mar é uma das maiores responsáveis pelo desenvolvimento econômico do Agreste de Pernambuco. Atende todo o país e produz 1,5 milhão de peças anualmente em quatro fábricas, duas em Santa Cruz do Capibaribe, uma em Toritama e outra em Brejo da Madre de Deus. O executivo fala sobre pontos fortes e desafios para a economia pernambucana, não apenas no setor de confecções.

Pernambuco vinha crescendo em todos os segmentos. Dada a situação atual, quais são os maiores desafios para os próximos anos?

Nos últimos seis, sete anos, crescemos num ritmo acima dos demais estados do Nordeste e do país, resultado principalmente dos investimentos em infraestrutura e na atração de grandes empreendimentos e da consequente política econômica do Governo Federal. Em 2015, entretanto, nossa economia encolheu 3,5% em comparação com 2014, maior queda desde 1988. Com exceção da agropecuária, que cresceu 2,1%, as demais atividades econômicas, como a indústria, a construção civil e os serviços, recuaram. O comércio atacadista encolheu 11,8% e o varejista 7,5%. Esses dados foram divulgados recentemente pela Agência Condepe-Fidem. Se compararmos, entretanto, o desempenho de Pernambuco na área de confecções, na que eu empreendo, nosso Estado está melhor atualmente, do que os Estados do Sul ou Sudeste. Acho que o grande desafio é superar o período atual, voltar a gerar empregos em postos que foram alvo de demissões em massa, como a construção civil, indústria e comércio; tentar se antecipar às necessidades do futuro, fazendo investimentos em áreas estratégicas e preparando mão de obra qualificada para atuar nos empreendimentos que pretenda continuar atraindo.

Em que setores a economia de Pernambuco demonstra mais pujança?
Nos últimos anos, a nossa indústria passou a ter destaque na composição do PIB e passou a depender menos da indústria do açúcar e do álcool. Esperamos que as atividades dos novos polos econômicos - automotivo, farmacoquímico, vidreiro, energias alternativas - passem a fortalecer cada vez mais a economia e que as atividades dos setores naval e petroquímico voltem a crescer. Nossa agropecuária vem se mantendo bem e a exportação da produção do Vale do São Francisco deve ter se beneficiado com o cenário atual da alta do dólar. O setor de serviços, como comércio, serviços médicos, de informática, ensino e turismo, entre outros, continua predominante, apesar do decréscimo em várias áreas em 2015. Temos núcleos de formação e profissionalização de mão de obra que se interiorizaram, gerando um grande quantitativo de pessoas qualificadas para ocupar vagas geradas por novos empreendimentos, um setor de serviços dinâmico que precisa receber mais incentivos e investimentos para crescer, inovar e se diversificar ainda mais, com qualidade e longevidade.

O que, em sua opinião de empreendedor, levaria outros empresários a investir em Pernambuco?

Pernambuco vem evoluindo nos atrativos para que empresários invistam no Estado. Além de termos uma posição geográfica estratégica e um dos melhores portos do país para escoamento de produção, estamos investindo, de certa forma, em educação e em infraestrutura. Temos, ainda, uma política atraente de incentivos fiscais e mão de obra qualificada em várias áreas. Avançamos na profissionalização da gestão pública e estamos, cada vez mais, estimulando a inovação, ciência e tecnologia. O Porto Digital, ano passado, instalou o Armazém da Criatividade, em Caruaru e Petrolina, para interiorizar as suas atividades com foco nos setores de moda e confecções e economia criativa. Temos universidades fortes e diversos programas de pós-graduação e pesquisa.

Qual a contribuição do empresariado para o desenvolvimento do Estado?
O empresariado e os investidores que aqui viram a oportunidade para instalar seus projetos vêm sendo essenciais para o crescimento que o Estado alcançou nos últimos anos. Sem essa aposta no desenvolvimento dos empreendimentos e na geração de empregos, junto com investimentos em educação, qualificação e infraestrutura, não temos como avançar no desenvolvimento e na redução das desigualdades que ainda existem em Pernambuco. Se olharmos para trás, enxergamos que conseguimos avançar em muitos aspectos, como a interiorização do desenvolvimento, aumento do IDH, aumento da renda e redução da mortalidade infantil, mas ainda há muito a ser feito. Nesse momento pelo qual passamos, continuamos acreditando, investindo nas pessoas, implantando novas estratégias e sendo criativos e inovadores para continuarmos a contribuir com o desenvolvimento de Pernambuco.

O pernambucano tem motivos para sentir orgulho do seu Estado?
Apesar da necessidade de avançarmos, temos muitos motivos para termos orgulho do nosso Estado. Ter nascido aqui e conseguido crescer em meio a adversidades, ter criado a empresa, acreditar na região e nas pessoas, dá um orgulho danado. Nossa população tem fé no futuro e se envolve, esforça-se para crescer, para se desenvolver e, para isso, oferece o melhor de si. Em meio a tantas adversidades, estamos avançando e continuaremos assim.